Durante largos anos fui a vários psicólogos. Desde jovens com cabeças arejadas e a crença de conseguirem mudar o mundo a velhos com sabedoria empilhada, uns já com muito pó. Fui classificada em várias categorias, mas nunca medalhada, nem com um trofeuzito de banho de prata. Com as minhas próprias mãos coloquei os eléctrodos e dei-me choques. Ficou o cheiro a porco queimado, mas torresmos para comer, nem vê-los. Decidi recorrer à auto-aprendizagem. Li existencialistas tão irónicos que tive vergonha de me rir sobre assuntos tão sérios (mentira, ninguém estava a ver e ri-me muito). Depois, tal qual pessoa muito moderna, googlei e fiz centenas de testes elaborados pelos mais distintos pensadores da área.
Calmamente, sentei-me. Liguei o meu iPad e abri o Excell. Durante semanas inseri todos os dados obtidos. Cruzei informação com as fórmulas mais eficazes, das quais resultaram gráficos lindos em 3D, com degradé do azul ao verde. Pensei ter alcançado o céu ou o oceano - tanto faz, ambos portentosos na sua infinitude e tranquilidade.
Mudei de classe, para uma nova. Afinal de contas, eu é que me conheço melhor.
Sou uma pessimista com esperança.
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